Descobri Amós Oz ano passado com o livro "De Amor e Trevas", obra a qual minha primeira impressão foi de grande alegria e surpresa. Alegria pela descoberta de um escritor que pertence a uma cultura tão diferente e cujo contato me era quase ou até mesmo raro e escasso. O encantamento prosseguiu por meio da riqueza e beleza com que a obra se mostrou no desenrolar do desbravamento de suas linhas, parágrafo por parágrafo. O livro surpreende porque retrata um misto de retalhos de fatos históricos e recordações pessoais, portanto, a obra de Amós Oz, embora inicialmente um romance autobiográfico é fundamentada no conflito Israel x Palestina. Nesse sentido, bastante significativa por envolver a história de sua família, mas também por envolver poetas, líderes sionistas e políticos – e tudo isso culmina em um livro infinitamente rico, belo e complexo.
Semana passada fui presenteada por uma amiga muito querida e especial (Amanda Zampieri) - @thesunrises - com outra grande obra do então escritor mencionado: Amós Oz - A Caixa Preta. O livro tem sido outra grande excelente companhia e fico com a certeza de que Amós Oz se tornou meu escritor contemporâneo favorito. Não tenho dúvidas e me atrevo a dizer que o considero senão o maior um dos maiores intelectuais da atualidade. Não apenas pela sua inteligência, curiosidade e senso crítico, mas também pelo grande ser humano que se mostra ser em cada nova descoberta e leitura que tenho o imenso prazer em fazer. Hoje assisti a uma entrevista realizada pelo Roda Viva - TV Cultura e não pude deixar de escutar, re-escutar, sublinhar, grifar e compartilhar certos trechos que postarei a seguir e convido vocês a fazerem algo similar. ;-)
Roda Viva - Amos Oz - 02/01/2012
“A minha utopia posso lhe dizer em uma palavra – paz. Essa é a minha utopia. Israel nasceu de sonhos monumentais. Outros países nascem em função da história, da geografia, da política, da demografia; Israel nasceu de um sonho. Tudo que nasce de um sonho está fadado a um certo desapontamento. Tudo. A única forma de manter um sonho perfeito, cor-de-rosa, é nunca concretizá-lo. Isso é verdade em relação a viagens ao exterior, a se fazer um jardim, a viver uma fantasia sexual. A única maneira de mantê-lo perfeito é não concretizá-lo. E Israel tem um quê de desapontamento porque nasceu de um sonho. O desapontamento não está na natureza de Israel, mas na natureza dos sonhos.”
“Eu sou um homem secular, não acredito em religião alguma. Pessoalmente acho até que Deus não é religioso, acho que Deus não está interessado em religião,- mas você teria de entrevistar Deus e não a mim.”
“O senhor prefere livros ou pessoas? –Bem, eu prefiro pessoas e eu prefiro livros cheio de pessoas.”
“Tragédia e comédia não são dois planetas distintos, mas apenas duas janelas diferentes através das quais se vê a mesma janela da vida. Isso eu aprendi com Checkov”.
Senhoras e senhores: Amós Oz.
Senhoras e senhores: Amós Oz.